segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Doce ou travessura?

  É dia de Halloween. Sempre gostei de ver as criancinhas a bater de porta em porta a fazer das suas. Também eu quando pequena gostava destas brincadeiras. Tanto sapinho que atirei quando via janelas abertas, tanta farinha e ovos nas portas, tantos vasos de flores "desviados". Tudo por gargalhadas, gomas e rebuçados. :)


   Mas já detestei este dia, faz hoje dois anos que vivi um momento de grande aflição e do qual é impossível esquecer-me.
Gosto de tomar café mas com chuva recuso-me a sair. O meu marido saiu e trouxe-me um café, que a empregada colocou dentro de uma garrafa de água vimeiro, que ele tem como hábito beber a seguir ao café. As crianças têm como costume desejar o que vêm os adultos a ingerir e a minha bonequinha não é excepção. Ela brincava na sala enquanto eu bebia o café calmamente. Toca a campainha. Coloquei a garrafa enrolhada em cima da mesa e fui abrir a porta. Lá estavam os meninos disfarçados de maus da fita a gritar: "Doce ou travessura?"  Ouvi barulho, assustei-me ao voltar-me para trás, a minha menina roxa atrás de mim, com os olhos esbugalhados a puxar-me as calças, aflita a pedir-me socorro, sem falar. Não entendi o que se passava, agoniei, olhei à volta a tentar encontrar indícios do que estava a acontecer. As crianças, á porta, olhavam horrorizadas e  não pronunciaram uma única palavra. Entrei na sala e quase morri quando olhei a mesa e vi a garrafa sem a rolha. Rolhas perigosas que lhe poderiam ter cortado a garganta. Reagi de imediato, gritando e ao mesmo tempo agarrando nela, coloquei-lhe as costas junto às minhas pernas e inclinei-a para a frente, dei-lhe algumas pancadas enquanto que, com uma das mãos lhe tentava retirar a rolha da boca. Foi uma sorte ela tê-la introduzido com a parte cortante para fora, o que fez com que eu com os dedos a consegui-se remover. Ao mesmo tempo que agia lembrava-me de duas coisas: a formação de primeiros socorros que tive e um episódio contado por uma colega minha, o engasgamento do filhote com um rebuçado. Dei-lhe leves mas fortes impactos para lhe conseguir desobstruir a via aérea.
   O meu marido tinha ido à garagem e voltou de imediato, com a bravura dos meus gritos. Consegui! Felizmente aquilo tinha passado. A minha pequenina agarrou-se ao meu pescoço e não me largou mais. Aqueles primeiros minutos foram de indecisão, não sabiamos se haveríamos de nos deslocar ao hospital ou se o pior já tinha passado. Aguardei uns minutos para avaliar o seu estado, dei-lhe água e pão e ela conseguia engolir. Perguntei-lhe se lhe doía, abanava a cabeça, "dizendo" não. Afinal ela estava bem.
   Dirigi-me às crianças, que continuavam como estátuas à entrada da porta. Agarrei num saco de gomas e chocolates e entreguei-lhos. Agradeceram e disseram: "Hoje foi mesmo dia de bruxas".
   E para mim foi mesmo, nunca senti realmente isso a não ser neste dia. Nunca mais consegui olhar para as garrafas de água vimeiro com os mesmos olhos só de pensar no que poderia ter acontecido por negligência minha ao enrolhar mal a garrafa. Ela claro que foi passar a boca no gargalo da garrafa à procura da doçura do café e com a boquita conseguiu originar aquela quase tragédia. Bastaram uns segundos para um momento realmente assustador.
   As crianças ficaram de tal forma assustadas com o sucedido que no dia seguinte todas as mães deles me vieram perguntar o que se tinha realmente passado. 

4 comentários:

  1. Credo...
    Acreditas que me arrepiei todo ao ler este teu relato? Meu Deus, que aflição :s
    Ainda bem que correu tudo pelo melhor... Imagino o pânico dela e o teu...

    Essa nunca mais te esqueces, de certezinha...

    Beijinhos, com sorriso ;)

    PS: Já te respondi ao teu comentário, no meu cantinho. Bjoka

    Vasco

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  2. Acredito que sim...Eu ainda me arrepio todinha!

    Não desejo a ninguém tamanha aflição.

    Beijinho :)

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  3. Essas histórias me deixam com medo, que coisa incrível!
    Uma vez, assisti a um filme parecido e nem consegui dormir, só agarrada com a minha irmã.

    COMO DISSE O TEU AMIGO ACIMA, ESSE TEU RELATO É DE ARREPIAR, CREDO!

    PODIAS ESCREVER MAIS!

    Um beijo da Mery*
    Boa tarde, quase noite pra vocês daí.

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  4. Mery, realmente foi assustador mas acabou bem.

    Beijinho :)

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